domingo, 18 de maio de 2008

Espiando os Deuses.



Refletindo sobre Deus e as várias concepções que as pessoas possuem dele percebo uma grande diversidade de formas através das quais a divindade se expressa através de nós humanos.
É interessante destacar que cada pessoa vê no Deus de sua concepção a melhor expressão da divindade para seus propósitos de manifestação do ser ou para a busca do ter.
Uns vêm Deus como o poderoso que faz milagres e provê desde a comida no dia-a-dia até o emprego novo, o carro e a casa. Parece até que a pessoa não faz qualquer esforço, basta pedir com fé e o milagre se faz. Alguns recursos relacionais dentro do universo dos rituais são desenvolvidos no sentido de se pressionar Deus contra a parede e exigir aquilo o que se quer e "precisa".
Outros vêm Deus como a manifestação primeira, criadora e mantenedora da vida, mas não como quem dá. Essa Deus emana vibrações de paz e harmonia, sem porém exigir de sua criação a contra partida. Ainda assim, tem estabelecida como regra absoluta a chamada lei de causa e efeito que não precisa de juiz pra conferir o funcionamento; é a própria medida entre a qualidade das ações humanas e a medida da perfeição de Deus. Certamente que nessa concepção o linha geral visa a harmonia e a paz como conduta de retidão. Abrange muito mais que isso claro, visa um completo desenvolvimento do ser enquanto criatura que busca sua própria ascensão no caminho do conhecimento que o deve conduzir à plenitude espiritual.
Outros ainda, um Deus punitivo, de ódios que se destilam a cada má ação humana no caminhar diário da vida sobre a terra. Sem piedade sobre os pecadores, esse Deus impositivo, não permite o erro sem que se receba na contrapartida o castigo devido. Há um fio tênue entre a santidade e a debilidade moral, mas ao mesmo tempo uma possibilidade de se sair desse círculo de punições excessivas na medida em que se assume como membro de alguma instituição. Dessa forma passa-se a participar dos costumes, dos rituais, das regras de um grupo que está de acordo com os propósitos desse Deus-Pai, libertando-se assim dos eventos negativos dos que não fazem parte dos "eleitos".
Não obstante estar dentro do círculo dos salvos, ainda está inserido num contexto onde se cumpre regras de comportamento ou se é penalizado, ainda que de forma mais branda e sempre por amor.
Vejo que a idéia de penalização nos ambientes religiosos e de culto a divindade costuma adotar esse expediente para a conversão de seus membros de forma que eles venham a ser aprovados por Deus e adquiram assim os bens dos quais são carentes ou que sua divindade lhes comunica que sejam.
Minha análise vai agora para a forma como a filosofia busca a divindade. É de longe uma forma mais esclarecedora e que conduz a liberdade do ser mostrando sua próprias debilidades interiores e os caminhos para sua purificação. O propósito dessa forma é elevar o homem pelo caminho da moral e da ética de forma que ele se torne mais autônomo e senhor de si.
Dos filósofos clássicos vamos encontrar na diversidade de suas escolas, pelo menos dois caminhos que os diferenciam e que gostaria de citar. a escola Platônica que parte do mundo das idéias perfeitas e puras em direção ao homem no propósito de chamá-lo ao caminho do alto. E a escola Aristotélica que parte de uma visão racional e prática elevando a visão até conceitos elevados de modo a conduzir o homem a uma vida de virtudes e busca do bem comum que produz a felicidade.
De todas as formas, temos diferenças cruciais principalmente entre as religiões e os caminhos filosóficos. Uma coloca o homem dentre um redoma donde este dificilmente consegue sair a não ser que quebre os limites doutrinais e extrapole a visão a cerca da verdade de seu ser. O caminho da filosofia vai mostrar paulatinamente esses caminhos esclarecendo pelo saber e estimulando uma prática de vida que busca o reto agir virtuoso e o conhecimento que se plasma a cada ação encarnando o conhecimento num eterno processo de transformação interior na busca do divino.
É a busca que tenho trilhado atualmente. De quando trilhei o caminho da religião guardo os momentos que me fizeram ver mais de mim mesmo como alguém de potencial de crescimento em mim mesmo. Consigo participar de um culto protestante, evangélico e separar aquilo o que é dogma do que é conhecimento filosófico, sei adaptar a fala de um pastor, de um padre ao contexto e visão filosóficos.
A leitura e pesquisa constante do conhecimento é que proporciona essa possibilidade, esse ecletismo.
Gosto de buscar em diversas fontes, mas de tempos em tempos acabo migrando definitivamente para um caminho de maior amplitude de conhecimento ou que me permita uma busca baseada numa visão mais livre da verdade. Uma busca mais livre de rotulações e de dogmas que mais prendem do que esclarescem.
Continua e continuará valendo a máxima do Cristo: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.