segunda-feira, 22 de junho de 2009

de armadura contra o silencio



Faz tempo que meus dias têm sido para trabalhar.
Faz tempo que não mais medito nos meus processos internos. Minha raiva não me deixa em paz. Minha revolta pela desintegridade que me abateu tem sido meu pior inimigo. Habita em casa e vez sem conta grita alto a ponto de me tirar do eixo.
Tem sido assim desde que fui tocado pela mão do mal. Pior é que foi um mau familiar, daqueles que nunca se espera, que choca num primeiro momento e logo depois revolta num tão alto grau que não se consegue dominá-lo com facilidade. Mas nem por um esforço titânico se domina o tal.
Tira do sério, fala sozinho, domina a cena do ser, mais do que isso, domina o ser e expressa esse fedor pesado do stress, da ira, do ódio. E cansa, consome toda a força logo quando ela vem. Não dá espaço para a concentração, derruba qualquer possibilidade de criatividade, despreza a Inteligência, não tem seqüência, só faz valer o lixo que insiste em bater em mim como uma marreta.
É aqui que entra o trabalho. Foi o que me restou para não ficar parado em frente a tela do computador sem idéias, demente, de mente fraca. O trabalho me restou como meio de me manter ocupado mentalmente, e agora, sempre que não consigo manter o controle de antes, manifesto esse lixo que grudou de repente e sem permissão.
Mas eu sei que ainda assim é uma oportunidade de crescimento essa porcaria. Vou danificá-lo, para não usar um termo pejorativo, um palavrão. Vou exterminá-lo, usar uma arma, um vírus, uma vacina que me inoculará para sempre contra esse mau sorrateiro e terrível.
Ah, que cansaço me dá ter que esperar o momento dessa libertação.
Tinha planos tão ricos...
Agora estou me preparando para o combate e gastando meu tempo em adaptações para me concentrar nessa batalha. e o farei até a vitória, até que volte a dominar a cena, a criar com todo auto-constrole que me é característico. As estratégias, as armas, tudo estará sendo preparado para tal evento.
Virá o dia em que essas forças serão apenas uma brisa fria a passar pelo meu rosto. Já tenho esperado pelos dias de vento quente do mar que virão, de horizontes longínquos, de estradas de ouro e árvores frutíferas.
E o trabalho que me tira da frente do computador não é como o trabalho que me dá prazer. Mastigar as palavras que escorrem de minha mente quando o jantar está servido é como saborear um néctar do qual tenho sido impedido brutalmente de fazer.
Mas eu sei que o teste veio porque pedi. Não viria se não o tivesse chamado, já era hora. Então que assim seja, estarei pronto num instante, e disposto, vou pra frente da linha de batalha só, mas equipado e confiante. Vencerei essa luta com louvor e de forma triunfante darei minha volta por cima.
Que os chacais dêem meia volta!
Minha lança já brande no ar. A espada da liberdade já grita outra vez.
Afastem os covardes, estou chutando as pedras do meio do caminho, estou metendo o pé nos obstáculos à frente, vou subir essa montanha e derreter a neve no pico, vou soltar meu grito e honrar meu hino.
Estou chegando, temam os prepotentes que, apesar da impotência são meus oportunos motivos de ascensão.
Como São Jorge em seu cavalo, estou de armadura para derrotar esse dragão.
Em breve vereis minha bandeira tremulando em alto monte, postada firme em seu mastro.